domingo, 22 de maio de 2011

Vamos começar A Viagem?

A Viagem (The Voyage Out ) primeiro romance de Virginia Woolf teve sua primeira edição em 1915. VW começou a escrever este livro em 1906 levou portanto alguns anos para publicá-lo. Uma esperança para escritores iniciantes como eu.)
Então vamos começar nossa jornada com a descrição de uma viagem... de navio.
Com vocês trechos do livro A Viagem.

" Agora moviam-se constantemente rio abaixo, passando pelos vultos escuros de navios ancorados, e Londres era um enxame de luzes com um dossel amarelo-pálido pousado em cima. ... Nenhuma escuridão jamais se instalaria sobre esses lampiões assim como nenhuma escuridão se instalara sobre eles em centenas de anos. Parecia assustador que a cidade devesse arder assim no mesmo ponto, para sempre; assustador pelo menos para pessoas que partiam para uma aventura no mar, encarando-a como uma colina circunscrita, eternamente acesa, eternamente manchada. Do convés do navio a grande cidade parecia uma figura agachada e covarde, um avarento sedentário." (pág 39)
Quadro do pintor Turner (Tate Galery)
" ... Mas as pessoas nos navios tinham uma visão igualmente singular da Inglaterra. Não apenas ela lhes parecia uma ilha, e muito pequena, mas uma ilha que encolhia na qual havia várias pessoas aprisionadas. Primeiro a gente as imaginava correndo por ali como formigas sem objetivo, quase empurrando umas às outras sobre a margem; e depois, quando o navio se afastava, a gente as imaginava fazendo uma alarido vão, que, por não ser ouvido, cessava ou se transformava em gritaria. Finalmente, quando não se via mais o navio da terra, ficava claro que as pessoas da Inglaterra eram totalmente mudas. A enfermidade atacava outras partes da Terra; a Europa encolhia, a Ásia encolhia, a África encolhia, a Ámerica encolhia, até parecer duvidoso que um navio jamais voltasse a topar com qualquer uma dessas pequenas rochas enrugadas. Mas por outros lado, uma imensa dignidade baixara sobre o navio: ele era habitante do grande mundo, que tem tão poucos moradores, viajando o dia todo pelo universo vazio, com véus baixados adiante a atrás. Era mais solitário do que uma caravana atravessando o deserto; era infinitamente mais misterioso movendo-se por seu próprio poder e sustentado por suas próprias fontes. O mar poderia lhe dar morte ou alguma alegria sem igual, e ninguém saberia de nada. O navio era uma noiva avançando para seu marido, uma virgem desconhecida dos homens; no seu vigor e pureza poderia ser comparado a todas as coisas belas, pois como navio tinha uma vida própria." (págs.59 e 60) 

PS: Se você se animar a ler este livro recomendo que pule o prefácio e só volte a ele depois da última página; não tem graça ler 548 páginas quando já se sabe o que vai acontecer com a protagonista, não é!?

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