domingo, 29 de maio de 2011

outono;

O verão é; o inverno é; a primavera é; o outono é o lado doce da espera. Vocês não acham?
No livro Orlando de Virgiinia Woolf , com a bela tradução de Cecília Meireles, temos a visão do camaleônico personagem  Orlando sobre o outono.

" Mas em quem se podia apoiar? Fazia essa pergunta aos ventos do bravio outono. Porque era em Outubro e havia umidade, como de costume. Não no arquiduque; desposara uma grande dama, e havia muitos anos que caçava lebres na Romênia; nem no sr. M.: tinha-se tornado católico; nem no marquês de C.: fazia sacos em Botany Bay; nem no lorde O.: havia muito tempo que fora comido pelos peixes. De uma ou de outra maneira, todos os seus antigos admiradores tinham desaparecido, e as Nells e as Kits de Drury Lane, muito embora ela as favorecesse, dificilmente serviriam de apoio.
- Em quem -, perguntava, lançando os olhos às nuvens, entrelaçando os dedos, ajoelhando-se no umbral da janela, como a verdadeira imagem da feminilidade suplicante, - em quem me posso apoiar?- Suas palavras formavam-se por si mesmas, suas mãos se entrelaçavam por si mesmas, involuntariamente, como a pena escrevera por seu livre arbítrio. Não era Orlando que falava: mas o espírito de uma época. Fosse, porém,o que fosse, ninguém respondia. Os gralhos, revolviam-se por entre as violáceas nuvens de outono. A chuva parara, finalmente, e havia pelo céu uma irisação que a tentava a pôr o chapéu de plumas e os sapatinhos de cordões e a dar uma volta antes do jantar." (pág. 164)

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