domingo, 9 de abril de 2017

Flush uma biografia é uma delícia de ler. "Ele correu; ele disparou. Por fim, parou, desnorteado; o sortilégio se desvanecera; muito lentamente, abanando o rabo, envergonhado, troteou de volta pelos campos para onde a srta.Mitford estava parada, gritando "Flush! Flush! Flush! e sacudindo o guarda-chuva."

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Os amigos nas Ondas.

No livro As Ondas de Virginia Woolf  (pág.257), a autora fala do seu sentimento em relação aos amigos:)

Algumas pessoas procuram sacerdotes; outras, poesia; eu vou ter com  meus amigos, vou procurar meu próprio coração, procuro entre frases e fragmentos algo intacto - eu, para quem não há suficiente beleza na lua ou árvore; a quem
o toque de uma pessoa com outra é tudo, mas que nem isso consegue agarrar, que sou tão imperfeito, tão fraco, tão indizivelmente solitário. 

As ondas

Cheguei ao fim do livro "As Ondas". Confesso que dei uma roubadinha no final,pulei frases e palavras, o chiado no ouvida atrapalha a concentração. Um dia volto a elas. Fico feliz de poder seguir em direção ao próximo. Ainda não escolhi o novo livro, mas com certeza será uma nova jornada com VW.
Abaixo um trecho do final do livro que reflete nossa luta pela vida.
- E também dentro de mim a onda se ergue. Cresce; arqueia o dorso. Mais uma vez tenho consciência de um novo desejo, algo que sobre por baixo de mim, como o altivo cavalo cujo cavaleiro primeiro o instiga, depois o puxa para trás. Que inimigo percebemos agora a avançar contra nós, você a quem cavalgo agora, parados aqui,....?.... É contra a morte que cavalgo com minha lança erguida e meu cabelo voando atrás de mim, como o de um jovem, ....




quinta-feira, 1 de maio de 2014

Virginia Woolf no livro as Ondas descreve com maestria o momento de crise onde a inspiração de um escritor nasce.
" Onde foi  que li isso? Ah, na carta de Bernard." . Preciso do efeito rápido, ardente, fluido, exercendo-se de frase em frase. Em que estou pensando? Byron, naturalmente. Sob alguns aspectos sou como Byron. Talvez um pouco de Byron ajude-me a encontrar o melhor tom. Lerei uma página dele. Não; é monótono, é desconhecido, é formal demais. Agora, começo a pegar o jeito. Agora, sinto pulsar minha mente (nada mais importante que o ritmo, quando se escreve). Agora, começarei sem interrupções, na cadência mesma do impulso.
- A coisa, porém, se achata. Esgota-se. Não consigo ímpeto suficiente que me conduza por entre as transições. Meu verdadeiro "eu" afasta-se de meu "eu" fictício. E, se me puser a reescrever, ele dirá: "Bernard está posando de literato; Bernard está mais é pensando em seu futuro biógrafo" (o que é verdade).

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Universitário

No livro "As Ondas" o sentimento de ser universitário por Virginia Woolf. 

" - A complexidade das coisas torna-se mais presente aqui na universidade - disse Bernard -, onde o movimento e a pressão da vida são extremos, e onde a excitação de simplesmente viver se torna a cada dia mais urgente. A cada instante, pesco algo de novo no fundo desse enorme saco de surpresas. O que sou? Indago. Isto? Não. Sou aquilo. Especialmente agora, que deixei uma sala e pessoas nela conversando, e as lajes de pedra ecoam sob meus passos solitários, e contemplo a lua que se ergue sublime e indiferente, por cima da antiga capela - torna-se claro que sou uno, nem simples, mas complexo, múltiplo. Em público, Bernard borbulha; em particular, é um ser secreto." (página 79)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Que tal uma partida de tênis com Virginia Woolf?

"Preciso atirar-me ao chão e tomar fôlego. Sufoco de tanto correr, de tanto triunfar. Tudo no meu corpo parece-me mais límpido com a corrida e o triunfo. Meu sangue deve estar vermelho-vivo, excitado, batendo contra minhas costelas. As solas de meus pés estão sensíveis como se fios elétricos se tocassem e se separassem nelas. Vejo nitidamente cada talo de grama. Contudo, o sangue lateja de tal maneira na minha frente, atrás dos meus olhos, que tudo dança - a rede de tênis, a relva; os rostos de vocês esvoaçam como borboletas; as árvores parecem saltar para cima e para baixo. Nada se fixa, nada se acomoda neste universo. Tudo ondula, dança: tudo é rapidez e triunfo."
trecho livro "As Ondas" de 1928 com tradução de Lya Luft.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Do livro ¨As Ondas" página 33 mais uma bela descrição de Virginia Woolf.

O sol ergueu-se mais. Ondas azuis, ondas verdes derramam um rápido leque sobre a praia, circundando as pontas dos cardos-marinhos, depositando poças rasas de luz aqui e ali na areia. Atrás de si, as ondas deixaram uma tênue orla negra. As rochas, antes nevoentas e macias, endureceram, vincadas por fissuras rubras.