quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um pedido para Adeline

São poucos e únicos os livros com os quais tenho intimidade. Puxo um, lembro, puxo o outro da estante em seguida; todos da prateleira dedicada aos livros de VW (os que já li). Os coloco lado a lado; quando passo, vibro baixinho, sinto uma pontada de satisfação por ter lido aquelas palavras tão inequivocamente unidas para sempre, de uma forma singular; como numa visita a uma velha casa repleta de coleções raras, aprecio este valoroso conjunto de páginas despejadas na estante pela inspiração da mesma escritora.
Assim me sinto ao ler os romances de Virginia Woolf, perto. Perto dela, de outros tempos, de outras pessoas. Então por isso ouso fazer um pedido, um pedido por Adeline, seu primeiro nome, forço aqui uma intimidade.
Peço a Deus, independente da religião, que perdoe Adeline por ter se afogado por sua própria inclinação. Acho que ela merece perdão, pois sendo uma antena a catalisar os sentimentos flutuantes que pairavam no ar; não suportou mais este dom.
Peço que não a coloque de castigo, (além do que sofria de depressão há anos). Ouso aqui chatear outros, talvez a Deus (mas sei que é clemente), peço então por Adeline. Mesmo que ela não queira.